Bernardino Machado e a 1.ª Grande Guerra
“No ano em que se comemora os 90 anos da Batalha de La Lys, onde morreram muitos soldados portugueses (alguns deles famalicenses) o Museu Bernardino Machado elaborou uma exposição no âmbito da Homenagem aos Combatentes da Grande Guerra. Trata-se de uma exposição documental com excertos de textos pertencentes ao Fundo Particular de Bernardino Machado, em depósito no Museu, e a reprodução de várias imagens dos cenários de guerra, que documentam a entrada de Portugal na Grande Guerra.”
09 de Abril de 1918: O Corpo Expedicionário Português é destroçado na Batalha de La Lys
Batalha travada em 9 de Abril de 1918, durante a Primeira Guerra Mundial, entre as forças da Alemanha e doImpério Austro-Húngaro, por um lado, e a coligação de países em que se destacavam a Inglaterra, a França ePortugal, por outro. A batalha decorreu numa planície pantanosa banhada pelo Rio Lys e seus afluentes. As forçasportuguesas assumiram a disposição de um trapézio, cuja face voltada para o inimigo se estendia por 11 km, edispuseram-se em três linhas de defesa.
As condições de permanência do CEP na frente degradaram-se muito no início de 1918. Por um lado, as tropas continuavam nas linhas da frente quase sem rotação, por outro a actividade militar na zona intensificou-se de forma gradual mas constantemente. O mês de Março foi extremamente penoso para as unidades portuguesas. O número de combates em que unidades portuguesas se viram envolvidas foi muito superior ao habitual. Houve combates em 2, 7, 9, 12 e 18 de Março, para além de pequenas escaramuças e contínuos bombardeamentos de artilharia.
O moral das tropas portuguesas diminuía à medida que se percebiam sinais de maior actividade nas linhas alemãs, que só podiam ser indícios da preparação de um ataque de maior escala. Os comandos portugueses aperceberam-se desta situação, mas o comando britânico manteve a ideia de que o ataque principal que as forças alemãs preparavam não seria na região de Armentières. Só nas vésperas do ataque o comando britânico determinou as mudanças que a situação impunha e que o novo acordo assinado com Portugal preconizava. Em 6 de Abril foi dada execução ao acordo. As tropas portuguesas receberam ordens para manterem na linha da frente apenas a 2ª Divisão, comandada por Gomes da Costa, passando para o comando do XI Corpo de Exército britânico. Na prática porém, a extensão da linha da frente manteve-se nos 12 km anteriores, sendo retirado um batalhão. Ou seja, a frente ficou com menos densidade de forças. O tempo também foi curto para consolidar as inevitáveis mudanças tácticas resultantes desta decisão unilateral do comando britânico.
Mas o pior estava para vir. Em visitas a 6 e 7 de Abril do comandante do XI Corpo, general Horne, ao comando da 2ª Divisão, as orientações foram no sentido de a Divisão consolidar a defesa da 2ª linha (linha B), com uma mensagem muito clara: “A Divisão tem de morrer na linha B”. Mas as notícias dos preparativos alemães e a constatação do nível moral e do estado físico das tropas portuguesas, levaram o comando britânico à decisão lógica, que uma prudente análise de situação já deveria ter aconselhado há bastante tempo. A 8 de Abril foi dada ordem para a substituição da 2ª Divisão por uma divisão inglesa, movimento que deveria iniciar-se a 9 de Abril. Era tarde e a decisão tardia desmoronou o moral das primeiras linhas portuguesas. Se a vontade de lutar e a disposição anímica era já extremamente baixa, a perspectiva de sair da frente anulou toda a capacidade de resistência e de comando. A situação só poderia conduzir a um desastre, se o ataque se realizasse exactamente nesse dia. Foi o que aconteceu. Este foi um dos mais sangrentos confrontos em que esteve envolvido o CorpoExpedicionário Português, que aqui teve as seguintes baixas: 1341 mortos, 4626 feridos, 1932 desaparecidos e7440 prisioneiros.
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