O Teatro Portátil veio à escola e foi na Biblioteca que subiu ao palco para dar a conhecer uma das obras de Gil Vicente aos alunos de 9.º ano. A companhia de teatro “Precipício” encantou todos os espectadores, respondeu a algumas perguntas colocadas pelos alunos e permitiu a elaboração do texto que se segue por três alunos do 9.ºF.
“As vozes silenciosas dos livros deixaram de ecoar no nosso espírito, contudo, surpreenderam-nos as vozes dos atores da peça – o Auto da Barca do Inferno.
Lá fora, os raios tímidos de sol foram alegrados pela dança e pela magia transmitidas pelos atores. Uma cruz e um manto vermelho, símbolo da barca do Inferno, subitamente se transformavam num manto azul e branco que sugeria o céu, para onde iam os seres que praticavam o bem.
Esta mudança de cenário tão simples, tão mágica e tão repentina causou em nós uma enorme admiração e deu vida aos contos, aos romances e às obras de teatro da nossa biblioteca.
As personagens tiveram um desempenho fabuloso que, desta forma, nos conseguiram divertir através dos diferentes tipos de cómico e, ao mesmo tempo, embarcamos numa viagem ao século XVI. Parecia que, como espectadores, mudávamos de vestuário e fazíamos essa longa viagem.
É de notarmos também a criatividade, o dinamismo, a naturalidade de expressão e a interação dos atores connosco, à medida que representavam as diferentes personagens.
Depois do canto e da dança, surge então o Fidalgo autoritário e convencido do seu estatuto mas, tal como o político de hoje, pelo seu autoritarismo e fraudes, depressa foi condenado. Ao mesmo tempo, entoavam canções e os espectadores riam-se hilariantemente do castigo e da humilhação sofridos pela personagem.
A entrada do Onzeneiro foi surpreendente, pois fez-nos lembrar o «jogo do saco» que vinha vazio, mas trazia um coração cheio de avareza e de ambição, o qual remete para o banqueiro atual, que enriquece à custa do povo.
De seguida, entra um inesperado momento de rap, em que o Parvo insulta o Diabo com palavrões que nos deslumbram, uma vez que todas as personagens se submeteram ao Diabo. Ignora a barca infernal e dirige-se ao Anjo que, por sua vez, o manda aguardar junto à barca, já que não tinha pecados, como a maioria dos restantes.
Ao assistir a esta peça, todas as ideias que tínhamos acerca deste auto foram relembradas e aperfeiçoadas outras. Foi um momento esplêndido! Foi como se tudo o que tínhamos imaginado ao estudar/ler cada cena estivesse em pleno séc. XVI.
Foi mágica a forma como cada ator desempenhou o seu papel. Sentimo-nos presos a cada detalhe, fala e gesto. Assim, a nossa biblioteca e nós sentimos o íntimo e a vida dos livros!…
Pelos espectadores do 9ºF:
Carlos Ferreira, Daniela Costa e Sara Costa
Para saber um pouco mais sobre este grupo visite a página ou se preferir ver algumas partes da peça veja o vídeo aqui.